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Os benefícios do pilates para a gestante e para o bebê

A gravidez é um momento fascinante na vida das mulheres, repleto de mudanças emocionais, psicológicas e físicas. Muitas vezes encara-se esta fase como um estágio de doença, mas na verdade isso não deve acontecer; a gestante deve sim, cuidar do corpo e da mente e se preparar para suportar todas as modificações que sofrerá durante as 40 semanas, em média, de gestação.

No âmbito corporal as alterações são inúmeras e compreendem todos os sistemas de maneira global.

Em um primeiro momento ocorre um grande aumento hormonal necessário para o desenvolvimento do bebê. Dentre estes hormônios é liberada a relaxina, responsável por aumentar a flexibilidade dos ligamentos da pelve visando o seu gradual alargamento. É importante ressaltar que esta ação hormonal promove uma tendência à instabilidade das articulações, principalmente da região pélvica e dos punhos.

Progressivamente ocorre um importante aumento do volume sanguíneo, dos seios e dificuldade de retorno venoso, o que favorece o inchaço dos membros e o surgimento de varizes.

Em relação à organização postural, o corpo vai se adaptando gradualmente e tende a adquirir um padrão característico das gestantes:

  • Projeção do centro de gravidade para frente, devido ao peso da barriga e dos seios aumentados;
  • Aumento da curvatura da coluna lombar, o que causa desconforto e dor nessa região;
  • Base de sustentação alargada na marcha;
  • Fraqueza abdominal podendo ocorrer o que chamamos de diástase, ou seja, as fibras dos músculos abdominais se separam;
  • Tendência à hiperextensão dos joelhos e dificuldade de equilíbrio.

Já no terceiro trimestre de gestação, fica evidente o comprometimento do sistema respiratório. Ocorre uma diminuição da capacidade ventilatória, uma vez que o grande volume abdominal dificulta o trabalho do diafragma, principal músculo inspiratório. Neste momento, devido à sensação de falta de ar, a mulher sente dificuldade em permanecer em algumas posturas e tende a ficar com o ritmo respiratório alterado e o sono atrasado.

Por ser um período delicado e repleto de mudanças diárias que criam uma demanda importante nos músculos e articulações, é essencial que a gestante se adapte a uma rotina de movimentos para vencer todos estes desafios corporais.

O método Pilates é ideal para as gestantes, pois tem como base de trabalho a respiração, que otimiza a realização dos movimentos e estimula a conexão da musculatura de sustentação da coluna, do abdômen e do assoalho pélvico.

A ativação simultânea destes músculos favorece:

  • Melhor capacidade de contração e relaxamento muscular durante o parto normal, para o momento da expulsão do bebê;
  • Aumento do aporte circulatório para a região pélvica;
  • Promove a recuperação mais rápida após o parto;
  • Previne a incontinência urinária;
  • Melhora o suporte dos órgãos da região pélvica;
  • Previne as luxações e instabilidades dos ossos da pelve;
  • Evita a diástase abdominal.

Além disso, é interessante destacar que os músculos do abdômen estão inseridos nas últimas vértebras da coluna lombar, e portanto, quando fortalecemos essa região, consequentemente protegemos nossa coluna, deixando-a cada vez mais estabilizada.

Outros benefícios promovidos pela respiração são a diminuição do nível de stress da gestante, a ativação da circulação sanguínea e a melhora da oxigenação do próprio feto.

Durante uma sessão completa de Pilates, são realizados movimentos de relaxamento e percepção corporal, o que leva a uma preparação da gestante para o momento do parto e estreita a relação da mãe com o bebê.

Também são enfatizados movimentos que trabalham o alongamento muscular, a organização corporal, o fortalecimento da musculatura global do corpo, a descarga de peso e o equilíbrio. Os movimentos de pés, pernas e tornozelos ajudam a diminuir os edemas e as câimbras. Os movimentos realizados na posição de 4 apoios, ou o que chamamos de GATO, são uma excelente alternativa para minimizar a pressão sobre os vasos dos membros inferiores.

Devemos ressaltar também os trabalhos de fortalecimentos dos membros superiores, que irão facilitar a vida da gestante na hora de amamentar e carregar o bebê, diminuindo assim, o estresse dos músculos do pescoço e da região cervical.

Todos esses trabalhos globais do corpo, em diferentes posturas, diminuem a perda de massa óssea e promovem um bem-estar físico e mental da gestante.

O método pode ser iniciado a partir das primeiras semanas de gestação, mas é importante que haja a liberação do médico. A gestante pode praticá-lo até o momento em que se sentir bem e apta à prática de exercícios. Em certos casos, é recomendável que o trabalho seja iniciado após o terceiro mês de gestação, quando os riscos de aborto espontâneo são menores.

A prática de Pilates durante a gestação favorece e acelera o retorno da mulher para suas atividades de vida diária, pois o corpo se manteve forte e flexível durante os nove meses de gravidez. É essencial lembrar que toda sessão deve ser acompanhada por um profissional especializado no método, que saiba as principais necessidades, contraindicações e cuidados no trabalho com gestantes, para que dessa maneira haja uma garantia no sucesso do trabalho corporal.

O retorno para o Pilates após o parto é muito particular e deve ocorrer o quanto antes. Depende basicamente do estado geral da mulher, do tipo de parto que foi feito e, obviamente, da alta do médico.

Os movimentos exigidos pela prática ajudam a:

  • Evitar as famosas dores nas costas, melhorando a postura
  • Aliviar dores e inchaços nas pernas e a fortalecê-las para que aguentem mais peso e liberem a sobrecarga na coluna
  • Trabalhar os braços, importantes para cuidar do bebê, que vai ficar cada vez mais pesadinho
  • Evitar a incontinência urinária por meio do trabalho do períneo
  • Auxiliar a contração abdominal (o que facilita o trabalho de parto mais tarde)
  • Estabilizar as articulações contra possíveis lesões
  • Trabalhar a respiração, que auxilia no relaxamento do corpo entre uma contração e outra

Seu bebê também agradece

  • O bebê também é beneficiado quando a mãe pratica pilates:
  • Recebe endorfina, o hormônio do relaxamento, através da placenta, o que contribui para o bem-estar dele;
  • Tem um crescimento adequado dentro do útero, já que a gestante controla melhor seu peso;
  • Sente a tranquilidade da mamãe, que deve estar mais disposta e com a autoestima lá em cima!

Precaução

Não é aconselhável praticar pilates (ou ioga) sozinha. "Especialmente da metade da gravidez para a frente, a grávida só deve praticar exercícios acompanhada de um profissional", frisa Alexandre Pupo. "É que, com o crescimento do útero, o centro de gravidade do corpo da mulher se desloca para a frente e seu eixo de equilíbrio fica alterado. Se ela não estiver acompanhada, pode correr mais riscos de cair", avisa o médico.

Fonte: Juliana Frezatto e FT. Sabrina Prado